24 de mai. de 2013

O poder da imaginação

 
 
 
Por que a simulação mental funciona? Ela funciona porque não podemos imaginar eventos ou sequências sem evocar os mesmos módulos do cérebro que foram evocados na atividade física real. Varreduras do cérebro mostram que, quando as pessoas imaginam uma luz piscando, elas ativam a área visual do cérebro, quando elas imaginam que alguém está tocando na sua pele, elas ativam as áreas táteis do cérebro. A atividade da simulação mental não se restringe ao interior de nossas mentes. Quando as pessoas imaginam palavras começando pela letra B ou P, elas não conseguem evitar os movimentos sutis dos lábios. E as pessoas que imaginam que estão olhando para a Torre Eiffel não conseguem evitar o movimento de seus olhos para o alto. A simulação mental pode alterar até mesmo as reações físicas viscerais: quando as pessoas bebem água, mas imaginam que é suco de limão, elas salivam mais. Ainda mais surpreendente, quando as pessoas bebem limonada, mas imaginam que é água, salivam menos.

Esse trecho é uma das minhas partes favoritas do livro “Ideias Que Colam”, um dos melhores que li nos últimos tempos. Em um parágrafo, Dan e Chip Heath resumiram o poder que a nossa mente tem de manipular o nosso corpo. Por um momento, eles me fizeram pensar que o velho truque do velho Fábio Puentes – de fazer uma pessoa comer cebola achando que é uma maçã – poderia ser verdade. Mas ninguém é capaz de manipular a sua mente, exceto você.

Poucos assuntos são tão antigos e populares como a imaginação. Nosso cérebro é tão poderoso que conseguimos criamos personagens com personalidade própria, enredos, tramas que se tornam filmes, livros em saga e seriados que duram anos. Mas você não precisa ser escritor ou roteirista para usar sua imaginação, é óbvio. Você imagina como deve ser trabalhar naquela empresa ao ser chamado para uma entrevista, como seria se tivesse seguido outra carreira, como um filho mudará a sua vida, como seria casar e até coisas sem sentido como o que faria se ganhasse um dia de folga. Somos campeões em imaginação.

Em algum momento, começou-se a falar em otimismo, um tipo de imaginação essencialmente positiva. Não era simplesmente imaginar, mas imaginar coisas boas. Se você pensa em coisas boas, coisas boas acontecerão a você, esse era ‘ O Segredo’ de Rhonda Byrne. Mas até onde isso é verdade? A sabedoria popular diz que ser otimista faz bem, imaginar coisas positivas o deixa mais feliz e satisfeito com a vida, porém, há quem diga que otimismo é perda de tempo, coisa de gente preguiçosa. Pare de sonhar e aja! Então, tem quem só sonha, tem quem só age e tem quem sonha e age. Quem será que vai mais longe? A ciência aponta que é o último grupo.

Estudos impressionantes mostram que nossa imaginação (o termo técnico é “simulação mental”) tem grande importância no nosso desenvolvimento, o simples ato de imaginar fazendo algo, ajuda a superar fobias (terapias fazem o paciente enfrentar o medo, imaginando situações, e interrompem com técnicas de relaxamento sempre que a ansiedade aumenta), evitar maus hábitos, lidar melhor com situações corriqueiras e até melhorar o desempenho de skatistas, soldadores e trombonistas. Uma coleção de estudos envolvendo mais de 3.214 participantes mostrou que a simulação mental – ficar apenas sentado se imaginando fazendo uma determinada atividade– melhora muito o desempenho. Chega a ser inacreditável, mas esses estudos concluíram que a prática mental sozinha gera até 66% dos benefícios da prática real. Uau! É claro que esses benefícios são maiores em atividades que usam mais o cérebro do que o corpo. Ou seja, você ainda precisará ir à academia pelo menos três vezes por semana. Também parece óbvio que você precisa ter algum conhecimento, para poder se imaginar fazendo. Não conseguimos aprender só com o poder da mente, mas conseguimos desenvolver.

Pense no impacto disso no nosso dia a dia. Se você tem vergonha de falar em público, comece a imaginar o público, as palavras que irá utilizar, problemas que podem acontecer e como você reagirá a eles. A simulação mental pode ajudar você a se livrar de situações embaraçosas e solucionar problemas. Um exemplo simples que os autores do livro dão é que imaginar que você está indo ao shopping pode fazê-lo lembrar de que precisa passar na lavanderia antes. Cuidado com o “O Segredo”, imaginar que tudo dará certo não parece ser tão poderoso quanto imaginar que você está fazendo o que precisa para dar certo. Visualize o processo, não o resultado. Essa é a parte mais importante.

Fonte : PequenoGuru
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial