Um sentido para a vida
* por Tom Coelho
“Não importa o que nós ainda temos a esperar da vida,
mas sim o que a vida espera de nós.”
(Viktor Frankl)
Tenho acompanhado com apreensão leitores e amigos
manifestando suas insatisfações para com a vida. São sentimentos diversos que
transitam da frustração por conquistas não alcançadas, passando pela
desmotivação decorrente da falta de reconhecimento, até a mera desilusão diante
da falta de perspectivas.
Refletir a este respeito levou-me a reler a obra “Em
busca de sentido – Um psicólogo no campo de concentração”, de Viktor Frankl,
fundador da logoterapia, considerada a terceira escola vienense de psicoterapia
(as outras duas são as de Freud e Adler). Trata-se do fascinante relato
autobiográfico do autor acerca de sua experiência como prisioneiro em Auschwitz
e outros campos durante a Segunda Guerra Mundial.
Para a logoterapia, a busca do indivíduo por um
sentido na vida é a força motivadora primária para o ser humano. Frankl apresenta
pesquisa feita com quase oito mil alunos de 48 universidades que perguntados
sobre o que consideravam “muito importante” naquele momento, 16% declararam
“ganhar muito dinheiro” e 78% afirmaram “encontrar um propósito para a vida”.
Outro exemplo recente foi a pesquisa realizada no início
de 2013 pelas consultorias DMRH e Nextview apontando que quatro em cada dez
executivos brasileiros estão dispostos a mudar de empresa porque buscam um
trabalho alinhado aos seus propósitos e valores.
Mas esta angústia existencial, a dúvida sobre se a
vida vale a pena ser vivida, evidentemente não se restringe ao âmbito
profissional. Ela assume contornos maiores, manifestando-se num estado de tédio
e apatia através dos quais a pessoa vai morrendo interiormente e lentamente.
Como bem pontuou Frankl, as emoções são como algo em
estado gasoso. Tal como um gás preenche de forma uniforme e integral todo um
espaço vazio, assim a tristeza, a solidão, a angústia e o sofrimento ocupam
toda a alma humana. Por sorte, analogamente, o mesmo se aplica à menor das alegrias.
Por isso, não basta o mero interesse primitivo em se preservar
a vida. É essencial que cada pessoa identifique sua missão (do latim missio, o enviado) e ouça sua vocação (do
latim vocatio, o chamado) nesta busca
por propósito, a qual pode ocorrer a partir de três caminhos básicos: (a) pela
necessidade de se concluir um trabalho qualquer que será legado à humanidade e
que depende exclusivamente de seu protagonista; (b) pelo sofrimento, tal qual o
experienciado pelos prisioneiros nos campos de concentração ou por alguém que
luta contra uma doença incurável; e (c) pelo amor, o bem último e supremo que
pode ser alcançado pela existência humana – e não necessariamente o amor
físico, mas o amor espiritual, até mesmo inanimado.
Em sua busca por um sentido para a vida, lembre-se de
que embora o sucesso seja perseguido do ponto de vista profissional, e a
felicidade, no âmbito pessoal, é preciso salientar que ambos devem ser
decorrências naturais. Por isso, pare de persegui-los e, quando você não mais
se lembrar deles – sucesso e felicidade –, fatalmente acontecerão em sua vida.
Tenha também em mente que ambos são transitórios. Afinal, se você fosse feliz o tempo todo, não seria feliz em
tempo algum...
* Tom
Coelho é educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor
com artigos publicados em 17 países e autor de oito livros. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.